quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Me Voy



De repente um tempo sem escrever faz bem. Foi o que eu presumi com simplicidade semana passada quando eu sentei e senti que em vez de um texto sairia uma obrigação e esse nunca foi o propósito do blog. E eu nem considero que escrever por obrigação é ruim, já fiz bons textos obrigatórios e intimamente pensei que foi muito bom ter sido obrigado a escrever sobre isso ou aquilo.


Mas, enfim são tempos ao mesmo tempo calmos e turbulentos. Já teve mesa redonda de família, choro, risadas afetadas, carinho e de repente a inevitável e mais sincera sensação de que tudo de bom chega ao fim.


É claro que até tudo de bom tem lá seus dias ruins não posso excluí-los e nem deixar de pensar que foram bons também. Eu nunca imaginei tudo isso quando eu sai do país em novembro do ano passado e hoje quando olho para trás para constatar que faz quase um ano, aliás quando eu chegar de volta faltará menos de um mes para completar um ano de jornada. Não parece, realmente passou muito rápido e ao mesmo tempo parece que foram anos e mais anos q se passaram.


São todas sensações opostas e engraçadas de sentir, deixaram já de ser estranhas devido, talvez, às novas experiencias agregadas a pessoa em questão. O que sinto nem sei se pode se classificar mais como medo ou ansiedade é um negócio que me consome, uma pressa do que virá e ao mesmo tempo uma calma que me permite sentar na frente do computador para escrever ou mesmo para assistir um capítulo de Ally Mc Beal (não me perguntem como, mas eu desenterrei esta série e estou adorando).


Foi lendo meu currículo que eu percebi o tanto de coisa que eu tinha passado realmente e de repente pareceu tão frustrante não poder contar tudo no campo experiência e pensar em ser submetido a entrevistas enfadonhas… É meio patético eu sei, mas é uma sensação e tanto, meio sufocante que segue com a libertação de saber que ninguém pode tirar isso de mim.
Final de semana eu fui ao show da Colbie Caillat em Zurich e não eu não fui pela música grudenta da internet Bubbly, mas sim pelo segundo single Realize e pelo não single Feeling Show e nada contra Bubbly , ok? Haha


Foi muito legal realmente, ela cantou numa casa pequena e bonitinha da cidade e não estava insuportavelmente lotado, o palco era baixo ela estava super perto do público e ninguém nem tentou tocá-la isso tão Suíço eu não sei se gosto, mas é incrível de ver. Pós show ficamos (eu e minha querida amiga, tb brasileira, Marley) fazendo hora no local e conversando com os músicos que são muito mais presentes no palco que a Colbie(o show foi ótimo ela cantou todas as musicas q eu gosto e fez ótimos covers). E acabamos fazendo “amizade” com uma menina que não deixava ninguém falar! Ela era holandesa e falava alemão e inglês, logo ela cubria todas as línguas do local e falava muito em todas elas e sem parar. Ela é uma síntese quase da Suíça e da única coisa que eu pude, talvez, considerar um problema aqui na Suiça: relações humanas.


Isso até vale um post completo, mas em resumo ela reclamou para nós sobre o fato dos suíços não serem abertos a novas pessoas, não falarem ou serem simpáticos com desconhecidos, não puxarem assunto ou tentar aproximação, e o fato europeu, mas principalmente suíço de que são pessoas emocionalmente imaturas com extrema dificuldade de relacionamento humano.
Parece uma tese quase, por isso eu não quero prolongar é apenas a constatação de que cada país tem sua peculiaridade e beleza e voce tem que comprar o pacote e as pessoas também são assim e cabe a nós mesmos saber como encarar isso. Eu aprendi a encarar com curiosidade e peito aberto.


Eu queria (talvez até faça) fazer um top dez dos lugares que passei, das vistas inesquecíveis, das roubadas, das dificuldades, dos rolos, listar os países que quero voltar, os que ainda pretendo visitar, contar os quilometros rodados… Mas isso são estatísicas, são listas, são gráficos e não viagem.


E todo esse tempo aqui foi uma grande viagem que eu não pretendo encerrar com a volta, mas sim começar outra e mais outra agregando nova experiência, mais bagagem, mais vontade, mais curiosidade, mais humildade. A humildade de saber que não sei nada, que o mundo não é meu, mas que eu faço parte dele e faço a minha parte.

“Que lastima pero adios me despido de ti e me VOY” Julieta Venegas.


Bruno.


(O verão acabou por aqui e começou o outono (normal até ai! haha). A média da temperatura é de 14 graus, de manhã cedo chega a 5!)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Terra do Nunca (Ensaio sobre a Distância)


Porque nós complicamos tanto as coisas? Porque esperamos demais das pessoas, porque é tão difícil ser aberto um com o outro, respeitar os limites e o tempo de cada um, porque queremos tanto ter o poder de escolha quando é sempre tão difícil escolher, porque fazemos tantas regras para viver e depois clamamos por liberdade?


Seríamos nós prisioneiros de nós mesmos?


Depois que ficou tão claro que tudo é uma montanha russa inesperada, que cada nova volta oferece novas surpresas, que tudo pode virar de ponta cabeça sem explicação e depois tornar-se uma prazerosa descida. Mesmo assim é tão difícil aproveitar o percurso e tão inevitável querer saber como será final da jornada.


Às vezes eu observando mesmo os relacionamentos dentro da minha família, observando cada um atentamente e me incluindo eu vejo que nos sufocamos no cinto de segurança. Vamos perdendo de ver a beleza do caminho a nossa volta e é inevitável perceber que nós criamos metades dos nossos problemas com cobranças, expectativas, projeções, falta de comunicação, insegurança.


É certo que isso é parte da nossa humanidade, que somos filhos da complexidade e que tem questões que não terão resposta e que precisamos aprender a lidar com isso, mas que regra é essa(¿) que diz que devemos procurar problema em vez de relevarmos mais, aproveitarmos mais, acreditarmos mais.


É fácil dar com uma mão e cobrar com a outra, ter expectativas em silêncio e se magoar quando todas elas vão por água abaixo quando ninguém nem sabia o que você estava esperando, ou fazer planos e ver estes se esvaindo e se desesperar. Quando deveria ser mais fácil dividir suas expectativas com alguém, conversar, fazer planos entender que eles podem dar errado mas, ter a certeza de que existem planos B, e que para cada porta fechada abre-se uma janela, mas é tão fácil escolher o mais difícil.


Durante todo esse tempo que eu estou fora eu aprendi muitas coisas, coisas importantes que hoje eu carrego comigo na minha essência, que fazem parte de mim. Entre tantas coisas eu aprendi muito sobre a distância.


Não apenas essa distancia física, de estrada, oceanos, quilômetros e tudo mais que podemos usar para medir ou exemplificar, mas a distância que nós mesmo nos impomos. Distância que a distância nos proporciona e tantas outras acepções aprendidas ou não.
Eu aprendi que com a distância tudo muda. As pessoas mudam, o que foi deixado para trás muda, a rotina muda e um dia tudo torna-se distante e nos perguntamos se realmente aconteceu e tentamos refazer os fatos em nossa mente para ter certeza que mesmo longe, um dia foi perto e foi nosso.


Atualmente o ontem parece distante para mim. Eu lembro pouco do que aconteceu ontem e cada dia menos quando percebo a rapidez que vem o amanhã. E então me questiono o quanto vale essa ânsia que temos pelo amanha uma vez que tudo vira ontem e se perde na distancia tão rápido, tornando-se assim ainda mais concreto o fato que se deve viver. Que questionar é importante, mas que tem perguntas que vão reverberar no espaço em silêncio e não serão respondidas, mas serão vividas.


Aprendi que se pode falar esquerda ou direita ou siga em frente de diversas formas, e que muitas vezes por mais que te falem que caminho seguir, nem sempre é melhor segui-lo e, entretanto, outras vezes, é melhor nem tentar desviar.

E, de repente ficam distantes tantas colocações e adotam um tom tristonho de auto-ajuda ou comiseração ou mesmo resignação, quando na verdade a alegria esta nas entrelinhas de quem foi longe e voltou, não para ao ponto de partida, tão distante, mas para o ponto de recomeço tão ardil.


E na distância eu vi que tudo acaba mudando, mas que algumas coisas permanecem, mesmo que diferentes, sendo um ponto de referência como uma bússola. E que um dia tudo isso vai também estar na distância. E escrevendo isso eu percebo que tudo pode mesmo se perder, mas que o que fica na bagagem não pesa, apenas acrescenta, não te puxa pra baixo, mas te ajuda a subir a libertar.


"Se eu soubesse q eu sentiria o tempo passar dessa forma teria adiado ainda mais a partida da terra do nunca..." Kamila Assis


"Se eu soubesse que seria história e q o tempo tornaria isso passado tão rápido, teria ficado mais, sentido mais, me apaixonado mais."Bruno Corrêa

Bruno.