quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Antes só...


Planejamos, planejamos e planejamos, mas esquecemos que os planos serão determinados por nossos sentimentos. É fácil pensar e pensar e traçar metas, mas vivê-las implica em muito mais que isso.

Estar em São Paulo para mim foi um plano traçado, mas estar aqui é bem diferente do que o planejado. Não falo de dificuldades, saudade ou qualquer coisa assim que já tinha sido prevista antes e vivida de diferentes formas em diferentes lugares. Eu falo de ser parte de 11 milhões de pessoas e (preparem-se para o clichê) estar sozinho.

São Paulo proporciona isso a você. Não há nenhuma atividade que você faça sozinho aqui, ou transporte publico vazio, rua isolada, idéia original... Mas, mesmo assim você está sozinho e não é o único!

Eu estou há menos de uma hora de Santos e não tenho idéia de quando vou descer a serra, trabalho de frente a um shopping, mas raramente tenho tempo de atravessar a rua para ir até lá. Muitos amigos trabalham ou moram perto de onde eu passo a maior parte do tempo, mas eu raramente os vejo. Eu moro com três pessoas num apartamento normal (nem grande nem pequeno) e mesmo assim é possível que eu passe até dois dias (talvez mais ou menos) sem vê-los.

E tudo isso é estranhamente comum, e mesmo sozinho você não esta só. Difícil?

Eu comecei a trabalhar há duas semanas integralmente e já tive lá minhas crises. Acabei ficando gripado e esse foi o “boas vindas” final ao Brasil, pois eu estava há um ano sem ter uma gripe (que saudade do clima seco).

Quando estou gripado como um bom homem eu fico muito chato e carente (Mi, obrigado pela sopinha na boca). Quando estou gripado eu Tb tenho uma enorme tendência a ficar sentimental e tudo que é matéria perde a graça para mim e eu quero estar perto das pessoas que eu gosto.

De repente tudo isso se juntou numa crise que resulta na inevitável pergunta: O que eu estou fazendo aqui?

Normalmente quando vc se faz esta pergunta esta na hora de mudar, de sair. E eu percebi sim que muita coisa tem que mudar, não esta do jeito que eu quero ou espero. Mas não é hora de jogar tudo pra cima, mas sim olhar pra mim mesmo e mudar. Ficar firme no que eu acredito.

No meio de tudo isso eu tive tempo pra reparar no calendário e perceber que dia era hoje, que esta perto do natal, que mais um ano esta acabando e de perceber tudo eu fiz e vivi este ano e até onde eu cheguei.

É tempo de agradecer e entender que só está sozinho quem quer estar. Só se sente derrotado quem é, só se vence batalhando e acreditando. E que paciência é virtude de gente grande.

Muitas vezes eu não sei o que eu quero, mas eu tenho certeza do que eu não quero e eu não quero desistir.

E vc?

XOXO

Bruno.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Onze meses, três malas e uma mochila.



Eu quase poderia descrever desta forma o período que eu passei fora do Brasil, sendo pratico e talvez “frio”, mas certamente esse é apenas um dos inúmeros dados que eu poderia citar.

Estar de volta ao Brasil foi realmente emocionante e diferente de tudo que eu poderia imaginar tendo em vista como tudo está igual, mas diferente!

Eu sinto falta de tudo da Suíça, e nem imaginei que seria tanto. Da comida, a tranqüilidade, às pessoas, “meu” quarto... Tudo esta vivo na minha cabeça e fica a impressão constante de que eu estou de férias no Brasil e logo vou voltar.

Realmente eu não descarto a possibilidade, mas não dá pra ser assim, eu sabia que eu tinha que voltar, não apenas pelo tempo legal de permanência, mas também porque eu sabia que só daqui eu saberia enxergar aonde eu quero estar.

Fez um mês que eu cheguei ao Brasil e teve que passar este tempo para que eu pudesse sentar e escrever. Em um mês eu mudei de cidade – Santos p/ São Paulo – e fiz mais de dez entrevistas de emprego – começo a trabalhar até o final da semana – e arranjei um lugar pra morar, quase ia me esquecendo deste detalhe!

São Paulo nunca foi meu sonho, de verdade, mas de alguma forma estando aqui eu me sinto mais perto do mundo, do aeroporto (hehe) e das oportunidades. Aqui é tudo um exagero, beleza, feiúra, extraordinário e ordinário. Grandeza é pleonasmo. A cidade é dramática.

Eu tenho medo, tremo ao atravessar grandes ruas e me esforço para que ninguém note. Entretanto em muitos momentos parece que estou em outro lugar e até penso que estou na “minha” cidade.

Chegar ao Brasil como eu já disse foi constatar que nada mudou, mas que tudo está diferente. Eu senti falta de muita gente e fui recebido muito bem de volta, mas é inevitável perceber que estamos todos em lugares diferentes da vida e que a saudade anestesiou e a convivência se fez desnecessária.

Eu sinto falta de uma casa que eu deixei pra traz há onze meses a trás e que hoje não existe mais. Essa falta não me machuca ou agride porque da mesma forma que aquela casa se foi, aquele Bruno também não voltou e talvez casa agora seja o lugar que eu me senti totalmente seguro pela ultima vez e acho que nem preciso escrever aqui onde é.

Cada dia que passa e que eu conheço meu novo bairro eu gosto mais dele e me convenço de que morar aqui pode ser melhor do que eu posso imaginar e me conforta ainda mais saber que é assim, que o melhor está sempre por vir.

Ainda tem muitas pessoas que eu quero ver e aproveitar e sair com, espero que todos entendam que o fluxo do rio é forte e remar ao contrario exige esforço e disposição, eu não abandonei nada ou ninguém...

O que vai ser daqui pra frente? Não sei, sinceramente, existem planos, e existe sensibilidade pra saber que todos eles podem ser furados, mas enfim muitas vezes errar o caminho nos proporciona uma melhor vista e de repente nos perguntamos: quem disse que este caminho que está errado?

XOXO

Bruno.